A infância é uma fase de descobertas, crescimento e também de inseguranças. Entre os 6 e 8 anos, é comum que as crianças passem por momentos de medo, mesmo que aparentemente sem motivo. Esses medos fazem parte do desenvolvimento emocional e cognitivo e, quando acolhidos da forma correta, podem fortalecer a autonomia, a autoconfiança e o vínculo com os adultos de referência.
🎯 Por que surgem os medos nessa faixa etária?
Entre os 6 e 8 anos, o cérebro da criança já consegue imaginar situações mais complexas. Ela entende melhor a noção de tempo, consequência e risco. Com isso, medos que antes eram mais simples (como barulhos altos ou separação dos pais) dão lugar a temores mais elaborados.
Além disso, nessa fase ela começa a comparar o mundo real com o que vê em desenhos, filmes, jogos e também no convívio social e escolar o que pode gerar inseguranças.
👻 Medos mais comuns entre 6 e 8 anos
1. Medo de escuro
É um clássico. Mesmo sabendo que “nada vai acontecer”, o escuro ativa a imaginação e pode fazer com que a criança crie figuras mentais assustadoras.
Como lidar:
Evite apagar todas as luzes de uma vez. Uma luz de apoio ou deixar a porta entreaberta pode ajudar. Evite repreender ou dizer “isso é bobeira”. Ao invés disso, acolha: “eu entendo que o escuro pode dar medo, mas estou aqui com você”.
2. Medo de ficar sozinho
Nessa fase, a criança começa a perceber melhor os perigos e pode temer que algo ruim aconteça se ficar sozinha em um cômodo, por exemplo.
Como lidar:
Crie oportunidades para que ela vá ganhando autonomia aos poucos. Combine pequenas tarefas (“vá buscar seu brinquedo no quarto e eu te espero aqui”) e vá ampliando conforme a segurança dela aumenta.
3. Medo de ir mal na escola ou de ser rejeitada
Esse medo pode surgir por comparações com colegas, cobranças excessivas ou insegurança com o próprio desempenho.
Como lidar:
Valorize o esforço mais do que o resultado. Evite rótulos como “inteligente” ou “lento” e incentive a criança a aprender no seu ritmo. Demonstre que errar faz parte e que você está ali para apoiar.
4. Medo de ladrões, monstros ou personagens assustadores
Esses medos muitas vezes vêm de conteúdos assistidos (mesmo que pareçam inofensivos) ou conversas entre colegas.
Como lidar:
Filtre os conteúdos consumidos e esteja por perto durante filmes ou vídeos. Se o medo surgir, pergunte com calma do que ela tem medo e tente desmontar a fantasia com lógica e carinho, sem zombar ou minimizar.
5. Medo de que algo aconteça com os pais
Com a percepção de que os pais não são “super-heróis invencíveis”, muitas crianças começam a temer acidentes, doenças ou separações.
Como lidar:
Tranquilize com explicações simples e afetuosas. Diga que vocês estão bem e cuidando da saúde. Evite discussões intensas ou conversas sobre assuntos pesados perto da criança.
💡 Dicas práticas para ajudar seu filho(a) a lidar com os medos
-
Escute sem julgar: Mesmo que o medo pareça bobo para um adulto, ele é real para a criança.
-
Nomeie as emoções: Ajude a criança a entender o que está sentindo (“você está com medo porque está escuro, né?”).
-
Ofereça segurança e previsibilidade: Rotinas ajudam a criança a se sentir segura.
-
Use brincadeiras: Muitas vezes, desenhar, brincar de faz-de-conta ou usar bonecos para encenar os medos ajuda a criança a processá-los.
-
Evite reforçar: Frases como “se você não se comportar, o bicho vai pegar!” aumentam os medos.
-
Dê o exemplo: Mostre como você também lida com seus medos com calma e paciência.
✨ Em resumo…
Os medos fazem parte do processo de amadurecimento emocional das crianças. Ao invés de tentar eliminar os medos à força, o melhor caminho é acolher, escutar e oferecer segurança. Dessa forma, a criança aprende que pode confiar em si mesma e nas pessoas que a cercam e essa é uma base essencial para o seu desenvolvimento emocional.